quarta-feira, 21 de julho de 2010

Coordenação Motora

Depois de visualização mental é necessária uma boa resposta física, a coordenação motora. A coordenação do movimento é uma “ordenação, isto é, uma organização de acções motoras no sentido de uma determinada meta, bem como um objectivo” (Foster, 1902 apud Meinel, 1987, p.3). De acordo com Turvey (1990) apud Magill (2000, p. 38), “coordenação é a padronização dos movimentos do corpo e dos membros relativamente à padronização dos eventos e objectos do ambiente”.
Enquanto músicos, o cérebro tem também um papel fundamental na coordenação dos nossos músculos necessários à execução musical. Neste processo intervêm o SNC (sistema nervoso central) e o SNP (sistema nervoso periférico). O SNC é composto pelo encéfalo e pela espinal-medula. A espinal-medula é constituída por um cordão de nervos localizados no interior da coluna vertebral. Esta desempenha duas funções principais em simultâneo, condução e coordenação. O SNP divide-se em duas partes: o sistema nervoso somático e o sistema nervos autónomo. O sistema nervoso somático é constituído pelos nervos aferentes ou sensitivos, nervos eferentes ou motores e nervos mistos. Os nervos que conduzem a informação dos órgãos receptores ou sensitivos (órgãos que recebem estímulos) para o SNC são os nervos aferentes ou sensitivos. Os nervos que conduzem a informação do SNC para os órgãos efectores (órgãos que executam a resposta) são os nervos eferentes ou motores. Os nervos mistos, são constituídos por fibras sensitivas e fibras motoras, o que lhes permite o desempenho de dupla função.
O SNA é o responsável pelo controlo das glândulas e dos actos involuntários, que ajudam no controlo do meio interno. O SNA é constituído pelos nervos periféricos ligados ao funcionamento do coração, estômago, intestino, glândulas e outros órgãos internos.
O SNA entre outras funções, auxilia o controlo da pressão arterial, da produção de urina e da temperatura corporal. Este pode ser dividido em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático. De um modo geral, as acções do sistema nervoso simpático estão relacionadas com a mobilização de energias do corpo para suportar um aumento de actividade, como o que acontece em situações de perigo, tensão ou angústia. As acções do sistema nervoso parassimpático, por outro lado, estão direccionadas no sentido de conservar as energias corporais. Assim, a maioria dos órgãos é envolvida por ambos os sistemas nervosos, sofrendo efeitos antagónicos.
Os músicos profissionais estão constantemente sujeitos a elevados níveis de ansiedade e stress, sofrendo consequentemente grandes descargas de adrenalina. Estas alteram significativamente a divisão simpática provocando a aceleração do ritmo cardíaco, o aumento do nível de glicose no sangue, a dilatação dos brônquios que resulta numa respiração mais rápida, a dilatação das artérias coronárias, a vasoconstrição da pele, a inibição da digestão, o aumento da produção de urina e o descontrole muscular. A actividade corporal do músico está então claramente fora do normal, o que reduz significativamente a sua concentração. Este é um dos factores mais significativos em prova, a capacidade de concentração. Por exemplo, acontece frequentemente, o nervosismo interferir na qualidade dos espectáculos, podendo mesmo ter efeitos desastrosos na actuação.
Como tal, é importantíssimo o músico aprender a controlar os níveis de ansiedade de maneira a prevenir este tipo de problemas.
Todo o sistema nervoso é constituído por um tecido especial, que contém dois tipos de células: os neurónios ou células nervosas e as células gliais. Os neurónios são células especializadas no transporte de mensagens electroquímicas a alta velocidade de uma parte do corpo para outra, que quando se encontram juntas num feixe, formam nervos .

Do ponto de vista funcional, podemos considerar três classes de neurónios. Os neurónios sensitivos ou aferentes, que levam os impulsos dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso central (encéfalo e espinal medula). Os neurónios motores ou eferentes, que levam os impulsos do sistema nervoso central até aos órgãos eferentes (músculos e glândulas). Os neurónios intermédios ou de associação estabelecem as ligações entre os neurónios motores e sensitivos.
Os neurónios têm como função a transmissão de informação de uma parte do corpo para outra, estes sinais são denominados impulsos nervosos. Quando uma fibra nervosa recebe um estímulo, modifica as suas características eléctricas, produzindo assim uma pequena corrente eléctrica, que circula nos nervos, passando de neurónio a neurónio. Esta corrente é conhecida como influxo nervoso e ocorre numa única e só direcção, isto é, das dendrites para o corpo celular e deste para o axónio. Quando as nossas acções resultam de movimentos comandados pela nossa vontade, são os chamados actos voluntários. Um acto voluntário é uma acção que é precedida por uma determinada actividade mental, quando é consciente a intenção de a executar. Da mesma forma que essa acção é executada, também ela pode ser voluntariamente interrompida. Num acto voluntário, é o cérebro que ordena todo o percurso da mensagem nervosa, mais precisamente a área motora do córtex cerebral, pois ela é a responsável pela coordenação dos movimentos voluntários. O estímulo para o acto voluntário inicia-se no córtex cerebral e passa para a substância branca da espinal-medula, que funciona como nervo motor. Posteriormente, é transmitido aos nervos motores, chegando aos órgãos efectores.
Os nervos cruzam-se à entrada e à saída do encéfalo, de modo a que o córtex cerebral do hemisfério direito, comande as sensações e movimentos da metade esquerda do corpo, enquanto o córtex cerebral do hemisfério esquerdo comanda tudo o que se passa do lado direito do corpo.
É todo este processo que torna tão difícil a prática instrumental. Numa fase inicial da aprendizagem do instrumento é necessário “ensinar” ao cérebro quais são os músculos necessários para a execução. Este processo é bastante longo e exaustivo. Todo este trabalho muscular é equiparado ao dos atletas de alta competição, onde os músculos têm de se movimentar de uma forma coordenada em determinados espaços de tempo e por períodos bastante extensos.

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