quinta-feira, 22 de julho de 2010

Criatividade

Um dos factores mais importantes para o sucesso hoje em dia é a criatividade. Mesmo as crianças prodigiosas chegam a uma altura em que ninguém quer saber se têm uma técnica perfeita, mas sim se tocam de maneira diferente, isto é, se tocam de forma criativa. Têm que passar de crianças prodígio a génios criativos. Ora, isto levanta a questão sobre o que é a criatividade. Como resposta a isto, não há uma resposta absoluta, mas sim vários pontos de vista que podem ser levados em consideração.
Sob o ponto de vista humano, a criatividade é a obtenção de novos arranjos de ideias e conceitos já existentes formando novas estruturas que resolvam um problema de forma incomum, ou que obtenham resultados de valor para um indivíduo ou uma sociedade. A criatividade pode também fazer aparecer resultados de valor estético ou perceptual, que tenham como característica principal uma distinção forte em relação às ideias convencionais.
Sob o ponto de vista cognitivo, a criatividade é o nome dado a um grupo de processos que procura variações num espaço de conceitos de forma a obter novas e inéditas formas de agrupamento, em geral seleccionadas por valor (ou seja, possuem um valor superior às estruturas já disponíveis, quando consideradas separadamente). Podem também ter valor similar às coisas que já se dispunha antes, mas que representam áreas inexploradas do espaço conceitual (nunca usadas antes).
Sob o ponto de vista neurocientífico, a criatividade designa o conjunto de actividades exercidas pelo cérebro, na busca de padrões que provoquem a identificação perceptual de novos objectos que, mesmo usando "pedaços" de estruturas perceptuais antigas, apresentem uma peculiar ressonância, caracterizadora de uma inovação.
A neurociência demonstra que a criatividade depende do esforço conjunto de uma rede de estruturas dos dois lados do cérebro, que servem cada uma a uma função específica, nomeadamente: memória, imaginação, significados emocionais complexos, motivação e flexibilidade cognitiva (que representa a capacidade de mudar o conjunto de regras em uso no momento). Pensa-se que o lobo frontal e o temporal são os principais intervenientes na criatividade. O lobo frontal é o responsável pela geração de ideias, enquanto o lobo temporal é o responsável pelo controlo da sua libertação ordeira.
Os compositores e os músicos de jazz têm a difícil tarefa de criar. Os músicos em geral limitam-se a interpretar obras de outros compositores com as suas próprias ideias, mas criar algo é bastante diferente. Ao longo dos tempos várias técnicas foram usadas para compor. Ao longo de toda história, a música passou por muitas fases, muitos compositores limitavam-se a compor ao gosto da época, outros tentaram sempre quebrar as correntes e fazer algo de novo, e deve-se a todos eles o processo evolutivo pelo qual a música passou. Tanto pela necessidade, como pelo gosto, o ser humano vê-se obrigado a criar, isto é, a inovar. Esta é uma das características que nos distingue dos outros animais.
Então, será que a arte apareceu como resultado da evolução, ou foi a descoberta da arte que proporcionou a nossa evolução? Para o neurologista britânico Oliver Sacks, a musicalidade é tão primordial à espécie, quanto a linguagem. Assim, entender a relação entre música e cérebro é crucial para a compreensão do homem.

Sem comentários:

Enviar um comentário